segunda-feira, 20 de agosto de 2012

PIONEIROS DE LONDRINA NO MUSEU HISTÓRICO

FOLHAWEB

20/08/2012 -- 00h00

Homenagem emociona pioneiros de Londrina

Dezenas de pessoas que ajudaram a construir a cidade participaram de uma festa ontem, no Museu Histórico
Fotos: Anderson Coelho
Domingo de comemoração no jardim do Museu para lembrar a chegada da primeira caravana na região
Orlando Basso, 90 anos, com a sua ''grande companheira'' Sérgia, 86 anos
Elta Bamby, 81 anos: ''A minha recordação de menina é de um lugar pequeno, rodeado por plantações de café''
Londrina - Imagine quanta história tem para contar quem chegou em Londrina no início dos anos de 1930 e acompanhou de perto todas as mudanças e evoluções pelas quais a cidade passou. Na manhã de ontem, os pioneiros tiveram a oportunidade de resgatar as lembranças que permanecem vivas em suas memórias durante café da manhã realizado no Museu Histórico de Londrina para comemorar o Dia do Pioneiro. Entre as dezenas de pessoas homenageadas, Elta Bamby, 81 anos, ganhou destaque durante o cerimonial. Ela foi a primeira mulher nascida na cidade em 1931, antes mesmo da criação oficial do município que aconteceu em 1934. 

''Essa cidade é um pedaço de mim'', declarou Elta, que atualmente reside no Estado de São Paulo. ''Quando me casei, em 1954, tive que me mudar para acompanhar o meu marido, mas fui embora com o 'coração na mão''', explicou, acrescentando que tem familiares na cidade e que fica muito contente com a expansão do município. ''A minha recordação de menina é de um lugar pequeno, rodeado por plantações de café. Era tudo mais difícil. Comecei a trabalhar cedo e fui a primeira cobradora contratada da Viação Garcia'', contou. 

O funcionário público aposentado José Leite de Carvalho Filho, 85 anos, chegou na cidade em 1933 com apenas seis anos de idade. ''Meu pai, José Leite de Carvalho, trabalhou na Companhia de Terras e foi poeta. Essa cidade é muito importante para mim. Eu ajudei a construí-la'', afirmou ele, que atuou como agrimensor durante décadas na prefeitura municipal. ''Passei por praticamente todas as ruas da cidade fazendo marcações e traçando medidas'', relatou Carvalho Filho, que tem 5 filhos, 11 netos e 6 bisnetos. ''Todos moram em Londrina'', orgulhou-se. 

O professor aposentado Moacyr Boer, 81 anos, também fez questão de participar da festa. ''Minha vida está nesta cidade. Trabalhei 33 anos na Universidade Estadual de Londrina na área de Ciências Contábeis. Cheguei aqui em 1935 com meus pais e mais quatro irmãos'', lembrou, destacando que a família veio em busca de melhores oportunidades de vida. ''Meu pai fez tudo o que você pode imaginar. Quando chegamos ele que construiu a nossa casa. Aqui só tinha mato e ele batalhou muito'', disse enquanto cumprimentava os amigos da época do ginásio. ''Estou feliz de encontrar tanta gente. A festa está maravilhosa'', falou. 

Quem também estava satisfeito com o evento era Orlando Basso, 90 anos, que não conteve a emoção e deixou as lágrimas escorrerem pelo rosto em diversos momentos. Ao falar de sua ''grande companheira'', a esposa Sérgia Basso, 86 anos, e de tudo o que conquistaram juntos, a comoção foi ainda maior. ''Estamos casados há 70 anos. Temos 7 filhos, 17 netos e 10 bisnetos'', mencionou. 

Apesar do casal ter chegado em Londrina somente na década de 1960, Orlando é conhecido na região pelo seu dom com a sanfona. ''Vim para a cidade para ajudar na construção de prédios, mas para reforçar o orçamento de casa comecei a tocar sanfona para fora. Fiz apresentações em festas de casamento e bailes em geral. A sanfona ajudou a criar melhor os meus filhos, que são todos formados em curso superior'', relatou. 

O instrumento, segundo ele, tem uma importância muito grande em sua vida. ''Gostaria que fizesse parte do acervo histórico da cidade. Por isso, decidi doá-lo para o Museu de Londrina, onde está exposto entre as relíquias'', contou. 

A diretora do Museu Histórico de Londrina, Regina Célia Lemos, explicou que o Dia do Pioneiro foi decretado por meio de uma Lei Municipal em 1983. ''A data é lembrada no dia 21 de agosto, quando a primeira caravana chegou na região em 1929. Adiantamos a comemoração para hoje (ontem) para aproveitar o domingo que é um dia propício para festa'', justificou.

Paula Costa Bonini 
Reportagem Local

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