sexta-feira, 22 de junho de 2012

LONDRINA - PROFESSOR DÁ CONSELHOS À BARBOSA NETO

JORNAL DE LONDRINA

Senhor prefeito, o missivista é morador de Londrina há 35 anos, morador no centro há mais de 10, professor da UEL há 31 (com doutoramento em Desenvolvimento Urbano), razões pelas quais me sinto na obrigação de endereçar-lhe esta reflexão. Por sua determinação, a Prefeitura deverá insistir na abertura do Bosque para ligá-lo àquele curto trecho da Rua Piauí.
Causa estranheza a advogada da Prefeitura não esgrimir argumentos técnicos e, ao contrário, apoiar-se em filigranas processuais; prática de quem aparentemente não acredita na boa e republicana prática de impor-se pela densidade dos argumentos técnicos e, no limite, argumentos políticos inerentes à democracia desde os tempos de Platão. Ao afrontar pela força dos ritos jurídicos, argumentos que embasam as boas práticas da maioria das cidades “civilizadas”, no sentido (a) de preservar e até aumentar áreas verdes no centro das cidades, e na mesma linha de (b) não ceder espaço urbano para transporte privado, como formas de evitar a sua degradação e a consequente desvalorização imobiliária.
O senhor deixa claro que está faltando vontade de diálogo e transparecendo ausência de projeto. Estes argumentos, que são os dos grupos que discordam do senhor, têm larga fundamentação teórica e prática. Pediria que o senhor viesse a público com argumentos produzidos por especialistas em problemas urbanos para explicar a posição que tão ardorosamente defende. O senhor teria que convencer a cidade de que o caos deste último trecho da Rua Piauí vai melhorar (negando duas leis básicas da física elementar) aumentando o tamanho do fluxo de veículos sobre uma área idêntica, diminuindo a velocidade. Para verificar o caos atual é necessário apenas deter-se uns minutos nas esquinas da Piauí com Mato Grosso...
Como o dinheiro que o senhor vai gastar para continuar com a sua cruzada jurídica (coberta pelos meus impostos) o senhor também deveria observar o princípio da economicidade dos seus atos, assim, sugiro que nomeie uma comissão isenta (sem ônus para o erário público), integrada por urbanistas dos diferentes centros e universidades de Londrina para pelo menos dispor de um parecer técnico fundamentado. 

Desta forma senhor prefeito, estaria mostrando bom senso e espírito público, deixando claro aos seus críticos que a sua decisão não é algo caprichoso.

Definitivamente acredito que a forma como o senhor está conduzindo este assunto não é a mais republicana, muito menos democrática. Convenhamos, esta não é a melhor solução nem para os interesses da cidade, nem para a sua biografia, que imagino são elementos que o senhor presa e defende.
* Miguel Arturo C. Oliveira é professor do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina.

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